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24 de agosto de 2013

Sem querer



 Eu contei essa história pra ela, mas ela não entendeu porque eu sinto o que sinto. Sem querer, ela viu umas das muitas lágrimas que eu derramei, porque não consegui segurar todas e ela não entendia. Ela perguntou porque eu me importo e eu não consegui fazer com que ela compreendesse. Depois eu cheguei em casa e parei na frente do espelho, fechei a porta do banheiro. Olhei para aquela menina e contei pra ela a mesma história. Contei que eu vi nele o que eu precisava. Contei que quando ele me abraçou, parecia sincero, e que quando ele encostou o rosto dele no meu, eu me senti bem, me senti feliz. Contei que quando ele dormiu, eu continuei ali, olhando pra ele, que passei a madrugada olhando e sorrindo porque ele estava ali, comigo e me fez tão bem. Foi estranho, isso de ver tudo o que você quer e precisa em uma pessoa. Depois, ele segurou a minha mão e eu dormi um pouco. Logo acordei de novo e ele virou pro outro lado, e quando me deu as costas, eu o abracei. Eu fiz uma coisa, que acho que foi o problema. Eu pensei, pensei em como seria quando nós acordássemos, pensei como ele me olharia e o que diria. Juro que infelizmente, por um momento, eu pensei em um ''nós''.
  Depois que pensei nisso, dormi novamente. Um pouco depois, acordei. Levantei, fui no quintal e debaixo do sol, pensei naquilo com um sorriso no rosto, o sol estava lindo, brilhando pra mim sabe? Logo, fui na cozinha, aquele chá maravilhoso que preparei, cheirava de longe. Então vi ele, já tinha se levantado. Meu coração sorriu mas contive o mesmo em meu rosto. Quando eu cheguei perto dele, adivinha o que ele fez? Posso te dizer que aquele tempo que eu passei olhando pra ele e pensando, eu pensei em tudo, mas não tinha visto a possibilidade do que ele fez, porque ele fez nada. Passou reto, desviou o olhar.
  Eu fiquei ali, procurando entender, porque por mais que estivesse na minha frente o que significava aquilo, não era o que eu queria ver, eu queria que pudesse ser outra coisa, que tivesse uma explicação, um motivo. Não queria acreditar no que era. Não queria que fosse. Não queria. Mas era, ele não queria nada, estava mostrando que era pra esquecer, que eu tinha que perceber que ele não queria me olhar e nem dizer nada, que nunca seríamos um ''nós'' como eu infelizmente, imaginei. 
  Mais pessoas chegaram. Já era fim de tarde, e depois de olhares desviados, de ter encerrado o assunto quando este era nós várias vezes, ele foi embora. Estava com pressa de ir, não olhou nos meus olhos, só disse ''tchau'' e foi. É difícil segurar o que não quer ficar né? É horrível saber que aquilo que pra mim significou tudo, pra ele significou nada. Não me sinto arrependida, na verdade não sei nem o que sinto ainda, além da tristeza e da saudade. Mas penso se devo fazer algo a respeito, porque enquanto o Sol brilha lá no alto, eu consigo pensar em outras coisas, mas quando fecho os olhos e deito a minha cabeça no travesseiro, não vem nada além dele.
  Diante do espelho percebi que eu já tinha chorado e muito, aquele choro contido, pra não fazer barulho, você sabe como ele é. E tinha que parar, porque alguém perceberia se meu rosto não deixasse de estar tão vermelho logo. Saí do banheiro, deitei e um tempo depois conseguimos dormir: eu, meu rosto gêmeo de uma pimenta e aquela saudade que me torturava. 
   E é sem querer, que eu fico lembrando. Da mão na minha cintura. Dos meus braços em volta dele. Do rosto dele no meu. Da mão dele, segurando a minha.

-Fernanda Nogueira


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Eu estou tomando coragem devagar e postando meus textos pra vocês, quero lembrar que eles também são inspirados em histórias de outras pessoas, que não estou contando algo que aconteceu comigo necessariamente ok? Digam o que acharam...beijos!

2 comentários:

  1. Oi Fernanda! Parabéns pelas palavras, gostei da forma suave que você escreve, fácil de ler. Continue postando seus textos aqui, adorei poder lê-lo. Beijos, Bruna. http://chanelfakeblog.blogspot.com.br/

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